Já contamos um pouco de nossa
história na postagem inaugural, "Como tudo começou..." Contarei agora como nos
interessamos por navegação, em especial, à vela.
Logo que chegamos a São Francisco do
Sul começamos a frequentar o Sarau Lítero-Musical
do Museu Nacional do Mar. Espaço cultural importante para a cidade. Embora
tenha uma população pequena, aproximadamente 50.000 habitantes,
proporcionalmente, têm uma vida cultural interessante, historicamente
tradicional.
Sou músico desde os 12 anos, quando
aprendi as primeiras notas em um violão abandonado na casa dos avós. Minha
experiência com aulas particulares de música em Curitiba propiciou o privilégio
de poder fazer parte do Projeto Música no Museu do Mar. Nos dias chuvosos,
tinha a “sorte” dos alunos de uma pequena turma, faltarem. Aproveitava a brecha
e perambulava com bastante calma pelas salas do Museu absorvendo tudo o que
encontrava. Observava estupefato, como homens faziam-se ao mar com diferentes
embarcações, cada qual, com características peculiares devido ao local e
condições que encontravam. Dada nossa geografia, temos desenhos, projetos e
maneiras muito diferentes na construção das embarcações. Em alguns pontos do nordeste do Brasil os pescadores ainda utilizam barcos à vela. A revolução
industrial ainda não se fez completamente presente nesses lugares e isso traz
consigo um impacto ambiental muito menor comparado aos lugares onde a pesca
tornou-se industrial.
O Museu Nacional do Mar tem uma sala
dedicada ao Amyr Klink e um espaço, ao final, a Beto Pandiani e sua equipe.
Essas duas figuras e suas façanhas me impressionaram muito. O Amyr é
reconhecido internacionalmente como um dos maiores navegadores da história e
sua biografia deve ser conhecida. Beto Pandiani e Cia. já dobraram o Cabo Horn,
o mais temido do planeta, em dois catamarãs Hobby
Cat.
São histórias muito impressionantes para passarem ilesas por nossa consciência. Não há quem não mude a maneira como enxerga as coisas depois que tem contato com essas façanhas. Depois desses mergulhos, emergiam perguntas que se não devidamente respondidas, incomodavam. Com todo esse mar ao nosso redor o que estamos fazendo em terra ainda? Com essa baía Babitonga maravilhosa vocês vão se contentar em ficar olhando? Como podemos aproveitar melhor esse tesouro ofertado de graça? E outras mais...
Esse é o poder de um Museu. Pode
fazer você enxergar com outros olhos uma coisa que sempre esteve ali, o tempo
todo. Uma maneira indireta de repassar o conhecimento e dedicação que homens
tiveram com aquela temática, no nosso caso, o Mar. Geralmente os Museus abordam
assuntos e temáticas que só acrescentam em nossas vidas, lá dentro, não
incutiram-me nenhuma necessidade falsa, fizeram-me reconhecer o verdadeiro
valor que determinadas coisas têm que ter, dentre as quais, solidariedade, honestidade,
simplicidade, respeito à natureza e outras mais que todo homem do mar tem em
sua cartilha sem fazer alarde.
Aqui você encontra uma maneira de fazer um passeio virtual pelo Museu Nacional do Mar, mas não se deixe enganar
por nossas novas tecnologias, a visita presencial ainda é obrigatória e não se
surpreenda se achar o Museu um pouco rústico, com o seu conteúdo ninguém
precisa plantar bananeira ou sortear um carro novo para que você se interesse,
e, se conseguir captar a mensagem, já terá valido a pena.