Sexta-feira,
30 de maio. O almoço delicioso e fraternal acabara, aquela sensação gostosa e
acolhedora deveria ser substituída pelo dever; precisávamos trabalhar para a
conclusão de todos os acertos indispensáveis a travessia, que deveria,
obrigatoriamente, acontecer sem imprevistos ou surpresas desagradáveis.
Durante
a tarde nosso último tripulante chegou vindo se São Paulo. Norberto é um gaúcho
que há pouco tempo mora na capital paulista. Experiente regatista, inclusive de
multicascos, fortaleceria o time endossando sua experiência ao grupo. Chegou
demonstrando seu bom humor e carisma elevando ainda mais o astral da turma, e
assim foi até seu desembarque. Faz, com relativa frequência, testes de barcos
para a Revista Náutica.
O
dia passou rápido e com o calar da noite preocupamo-nos de provisionar o Guina de víveres, então, em dois carros
fomos até o mercado. A compra foi divertida pois, todo mantimento que
escolhíamos era objeto de indagação do grupo: seria adequado ao consumo
embarcado? Com três carrinhos abastecemo-nos com tudo que acreditávamos ser
necessário, nessa etapa, mais uma vez a experiência do Capitão Glauco fez
diferença nos fazendo optar pelo que realmente seria consumido e necessário,
exceto alguns exageros daqueles que nunca passaram por tal experiência.
Chegamos tarde e quando nos encaminhamos ao caixa já haviam fechado o mercado,
restando apenas o nosso atendimento. Para coroar o dia produtivo, resolvemos,
mesmo cansados, comemorar comendo uma pizza. O final do dia terminou em uma
cantina embalado a muito suco de laranja natural em jarra e pizza de boa
qualidade. Estávamos felizes e realizados pois tudo correra bem e a previsão de
saída, continuasse assim, seria cumprida. Nos instalamos adequadamente no barco
e a primeira noite de sono a bordo do Guina
foi muito confortável.
Sábado, 31 de maio. Nem
bem o dia amanheceu e todos colocaram-se de pé. A ansiedade, otimismo e
satisfação eram muito grandes, afinal, logo cedo combináramos de velejar
inauguralmente o Guina. Cabe aqui uma
explicação, até então o barco não velejara pois, há pouco não tinha mastro, as
velas idem, haviam recém chegado.
Um
dia agradabilíssimo por conta da temperatura e a ausência de nuvens no céu
prenunciava uma grande velejada, o que foi uma consequência estupenda. A
intensidade do vento parecia sob medida variando entre 15 e 18 nós. Saímos em
direção à Ilha do Medo, adentrando a baía de São Marcos. Os motores nos
auxiliaram até onde foi necessário, então içamos as velas e pudemos sentir,
pela primeira vez, como esse belo catamarã de 47 pés se comporta. Nunca havia
velejado um catamarã, e posso lhe assegurar que a experiência foi digna de nota.
Uma suavidade e estabilidade que culminam em muito conforto. Pude levar a nave
por um trecho e sentir o barco. Quando estávamos no través da Ilha do Medo,
Norberto orientou-me a fazer o jaibe para retornarmos, o teste estava feito, o
barco respondeu adequadamente. Atrapalhei-me um pouco com a manobra e fui
acudido por ele pois, o catamarã se comporta de maneira diversa de um mono
casco. Os jaibes, em catamarãs são mais lentos, afinal, eles tem um maior
arrasto lateral. Com um grande senso de aprovação retornávamos radiantes,
estávamos todos aéreos, mais um indício de que tudo corria de forma perfeita.
O
dia correu de forma tranquila e alguns poucos ajustes foram realizados,
estávamos de volta à AVEN. A maré havia baixado novamente. Sentíamos no ar o
senso de missão cumprida, restava esperar a maré encher e, no seu estofo, a
nossa partida. A expectativa era grande, muitos de nós nunca haviam feito uma
travessia costeira como essa, tudo era uma grande incógnita. Aguardamos o fim
do dia e a hora estipulada com agradável ansiedade e excitação. Nossos dias em
São Luís haviam terminado infelizmente, o mar nos aguardava e nós a ele, com
certa apreensão.
Acompanhe
o desenrolar dessa história nas próximas postagens.
Abraços
e bons ventos!
A
luz especial de São Luís ao amanhecer...
Fernando (Previs), Luiz Henrique (Saci) e
Norberto (Trovão)
Fernando
contemplando sobre a primeira velejada
Norberto demonstra a Fernando a melhor posição
de pilotagem
Saci ajusta e sente como a vela está
comportando-se
Ilha do Medo
Hehehe, valeu pela foto timoneando "à vontade" amigo Rico.
ResponderExcluirAbraços.
Imagina Norberto, não há de quê, bom que gostou! Obrigado pelo comentário e audiência.
ExcluirAbraços desde a Babitonga!
Que maravilhoso ! Eu já sou fã de multicascos... Lendo um relato destes, a vontade de um dia velejar um só cresce ! Gratidão pelo post.
ResponderExcluirVale a pena a experiência. Tanto faz se mono, catamarã ou trimarã, o que importa é estar no mar à vela desfrutando desse estilo de vida natural e transformador.
ExcluirNós é que agradecemos pela audiência e comentário.
Abraço desde a sua Babitonga!