Ontem saímos para
mais uma velejada em família com a presença do decano Cesar. A ideia era ir até
a ilha da Paz, porém, o friozinho matinal e o tempo fechado impediu que a
tripulação se animasse a acordar cedo, inclusive nosso professor. Antes do sol
raiar, sim, ele apareceu tímido entre as nuvens, eu rolava na cama de um lado
para o outro, ansioso do dia que teríamos pela frente. Ainda experimentaríamos
a nova genoa (vela maior da frente).
Ainda atracados içamos
a Mestra e deixamos a genoa pronta para içá-la tão logo fosse possível. Ligamos
o motor para auxiliar a saída, e só; então desligamos. A nova genoa mostrou
serviço ainda no Canal do Iriri e percebemos uma diferença de desempenho; o
barco ficou mais rápido, e o que confirmamos depois e é melhor, manteve sua
estabilidade.
Nos deslocamos com
rapidez até a Ponta das Galinhas, extremidade do Capri, onde o canal, que na
verdade é um rio, faz uma curva em formato de cotovelo antes de desaguar na
Babitonga. Ali fizemos um bordo, para seguir baía adentro. Tudo muito
tranquilo, a embarcação seguia com invejável estabilidade, o vento sul, nessas
condições não é puro, ou seja, ele
perde sua intensidade e um pouco da direção por causa dos morros e matas,
passando por cima da baía evitando assim incomodar
a água. Parecia uma velejada domingueira, se é que me entende?
Seguimos nessa
tranquilidade e conforto perpassando praia do Capri, Farol do Sumidouro, praia
do Forte... Tirávamos fotografias, estava quase ficando chato, quase! Quando
então iniciamos a abordagem do Morro João Dias em nosso través de boreste,
local onde funcionou por décadas o Forte Marechal Luz e hoje é o segundo
ponto turístico mais importante de São Francisco do Sul; estávamos chegando à
barra da baía Babitonga!
O que nós
perceberíamos in loco é que a baía
Babitonga é abrigada do vento sul, a BAÍA! Gradativamente, nossa abordagem à
barra foi se mostrando punk, ou pior,
heavy metal. O vento foi apertando
pois agora ele era puro e vinha quase na cara. As ondas não eram grandes, mas
chegavam a quebrar e eram todas desencontradas. O pano todo em cima, parecia
regata oceânica, o barco estava bem adernado. Às vezes, como que pra testar a
tripulação, entrava uma rajada, o barco orçava bastante querendo entrar no
vento. Cruzamos o canal dos navios e, para piorar, pela nossa bochecha de
boreste estava a caminho um bruta montes a toda máquina, bufando pelas suas
chaminés, parecendo estar zangado com algum barquinho incauto que se atreve a
cruzar o seu canal. Cruzamos o canal dos navios nessa navegada que parecia dentro
de um liquidificador, para safarmos dos gigantes. Poderíamos ir até a ilha da
Paz, mas ficaria tarde e eu, preocupado com o Victor que ficava escondidinho na
cabine fui confortá-lo. Já estava mareado e foi só ficar um pouco na cabine com
o Victor para a sensação de desconforto aumentar sobremaneira. Voltei ao cockpit, mas era tarde. Virei
passageiro. Não foi a primeira vez, acredito que é devido mais ao nervosismo do
que ao mar desagradável. Enquanto não chamei o tripulante imaginário chamado Hugo, não melhorei. Depois a gente volta
a ficar normal quase que instantaneamente.
Cesar, achou por bem
fazer o retorno no meio daquela bagunça, a Lê ajudou-o pois eu me encontrava em
situação miserável. Aliás, a tripulação feminina estava curtindo a velejada e,
diferente do Victor e eu, faziam festa. Dom Cesar não conta, pois demonstrava
sua inabalável calma e controle, coisa de fazer inveja a qualquer monge
budista.
Ainda na barra outro
navio saindo da baía, depois de ter prestado seus serviços, cruzou com o
grandalhão que havíamos encontrado antes.
Gradativamente
deixamos a barra em direção à praia do Forte novamente e tão logo a praia se
mostrou pra nós o mar também acalmou. Estávamos de novo no paraíso, velejada
domingueira, que saudades de você baiazinha
abrigadinha! Juntei meus cacos e me recompus. Acredito que fiquei muito
nervoso imaginando aquela situação sozinho no leme, acho que faria a volta e
deixaria para uma outra vez! Agradeço novamente a oportunidade de ter conhecido
Dom Cesar (como respeitosamente o colega Juca Andrade apelidou-o). Não fosse
ele nosso aprendizado seria bem mais lento e quiçá temeroso. Às vezes, esse aprendizado
a respeito de barcos e do mar não é algo muito confortável e prazeroso, porém
necessário e intensivo. Dom Cesar quis testar a têmpera da tripulação já que
pra ele não há novidade nisso tudo, navegador das costas do litoral do Paraná e
Santa Catarina. Agora é assimilar as lições e aplicá-las no momento adequado.
Grande abraço da
nossa família desde a Babitonga, até a próxima ancoragem, e que ela seja bem
abrigada!
Chuvinha
intermitente no través da praia do Capri
Chegada à barra
Costão
do Morro João Dias e Ilha dos Veados ao fundo
Ilha da Paz
Entre os dois morros a praia de Itaguaçu, do
lado esquerdo, Ubatuba
No
retorno, a praia do Forte com suas instalações militares
Retorno
à praia do Capri
Ola, Familia.
ResponderExcluirO bom de tudo isso e que as velas funcionarão rsrsrs.
Eu também, a semana passada fui conhecer mais uma ilha do nosso litoral paranaense, chama-se ilha Eufrasina, pedimos informações para os nossos amigos na marina e eles indicaram certinho onde era a ilha, e fomos nos, levantamos a vela um ventinho de 3 a 4 nós .A minha esposa viu no Gps que tinha coral ela ficou com medo e desviamos um pouco, de repente bummmm o veleiro parou encalhamos novamente rsrsrs, já até perdi as contas quantas vezes isso aconteceu resumindo não fomos na ilha tivemos que esperar a mare subir para desencalhar. já era tarde resolvemos ir embora. Mas retornaremos lá novamente no dias da mães.
Abç a todos
.
Que beleza Nilson, ficamos curiosos sobre a ilha Eufrasina! Com a família ajudando a coisa fica mais divertida.
ExcluirO Hoje! veio com ecobatímetro, o que, de certa forma ajuda um pouco a monitorar a profundidade, mas seu consumo é razoável, só se se justifica deixá-lo ligado quando estamos nos aproximando do local onde pretendemos fundear ou onde sabemos haver pouca profundidade. Não adianta, temos que apanhar um pouco para aprender, e como os mais velhos contam, encalhar é até corriqueiro para quem navega em lugares com muito baixios. Preocupante mesmo são as pedras, o resto a gente tira de letra, não é mesmo?
Vocês são insistentes! E tem que ser assim mesmo, mande notícias sobre a nova ilha que descobriram.
Abraços da nossa família à sua desde a Babitonga!
Puxa Rico, que beleza de velejada!! E que bom ter uma companhia como o Dom Cesar prá transmitir experiência e segurança. Eu velejo 'solo' porque me falta um tripulante dessa estirpe!! Não por vontade, acredite!! O Juca disse que viria velejar comigo no Gaipava, (viu Juca Andrade!!) , mas até agora nada....
ResponderExcluirParabéns a todos a assim, de velejada em velejada vamos forjando nosso 'caráter náutico'!!!!
abraços!!
Sem dúvida Cmte. Stark, Dom Cesar turbina nosso aprendizado. Nessa última velejada aprendemos um pouco mais sobre a regulagem da Genoa.
ExcluirPelo jeito o Juca não tem saudades do Atol 23, está muito ocupado com o Malagô! [risos] Juca, é só uma brincadeira!
Muito obrigado pelos elogios e palavras, abraços desde a Babitonga!
Blz Rico.
ResponderExcluirFica tranquilo quando colocarmos o pé na ilha mandamos noticia.
Os; tem noticias do VIVRE, faz tempo que ele não escreve, será que esta tudo bem com ele.
Abç
Nilson
Abç
O comandante do Vivre é o Walnei Antunes, acho que está atarefado, só isso, de vez em quando trocamos comentários. Vá até o blog do Vivre e pergunte você mesmo, assim ele se anima!
ExcluirAbraços.