Essa é a segunda parte da
postagem anterior Passeio, Aventura & Emoção, caso esteja lendo aqui
primeiro, comece lá.
Depois de deixar Fabiane e Esli no
Centro Histórico, flutuante do restaurante Portela, zarpamos, eu e Saraiva,
rumo ao Capri, não podíamos perder tempo. Tanque cheio, retornaríamos com
folga.
2013-11-15
► 17h30min. Era certa nossa
chegada à noite. Zarpamos no motor, pois o vento e ondas ainda eram contrários,
com sorte, amainaram um pouco, o que, facilitou a navegada e também a tornou
mais confortável. O retorno, sem romantismo, não seria à vela.
A noite caía devagar. Motor em aceleração moderada, funcionava
perfeitamente. Estávamos na metade do caminho, com o porto de Itapoá no través de bombordo, e motor deu uma
engasgada, coisa rápida; voltou ao normal. Entre olhamo-nos e, fingindo nada
acontecer, continuamos. Mais alguns minutos e desligou completamente...
Correria. Tiramos as velas do interior e iniciamos uma
faina apressada. Em pouco tempo, derivaríamos. No través de boreste um enorme banco de areia e logo, se nossos
procedimentos não fossem feitos com exatidão, o conheceríamos; encalharíamos. A
esta hora, o sol, jazia. Abrimos a buja
e tentamos encaixar o Hoje! no contra
vento sem muito sucesso. Seria necessária a mestra devido ao vento ameno.
Subimos a mestra e algumas rajadas nos impulsionaram, afastando o temor do
encalhe na coroa. Como que por encomenda, Eolo, nos mandou algumas rajadas mais
caprichadas. Por precaução, rizamos a mestra na primeira forra. Adernados,
desenvolvemos maior velocidade. Em um bordo chegamos bem perto do porto de
Itapoá, e assim sucedeu-se, com alguns bordos até alcançarmos a entrada do
canal do Iriri, no Capri.
Porto de Itapoá visto de nosso barquinho adernado
Eu e Saraiva vivenciando a primeira velejada noturna
Saraiva, habilidosamente, fez a entrada no canal passando
bem ao centro, distante das bóias, que não são iluminadas. Uma vez lá dentro
desviamos de alguns barcos de pesca ziguezagueando entre eles. Os pescadores
disparavam flashes de suas lanternas sinalizando sua posição para demonstrarem
sua presença. Quando passávamos por eles, davam “gritinhos” como que
cumprimentando e comemorando as manobras. Assim, contra o vento, de bordo em
bordo, fomos chegando ao flutuante do Hoje!,
mais ao fundo. Quando do último bordo, com o vento fraco, encalhamos. Ainda
tentamos fazer um contra bordo, mas
seria inútil.
Estávamos cansados, não havia ninguém por perto para
auxiliar. O flutuante ficava há algumas braçadas. Saraiva preparava-se para
nadar até uma bateira próxima, quando ouvimos pelo rádio o pessoal do Capri
Iate Clube conversando entre si. O rádio! Esquecêramos de usar o rádio do
barco! Contato feito, Donato, marinheiro do clube, encosta em nossa popa. Que
mão na roda... digo, vela! Fez nosso embarque providencial no flutuante.
Agradecemos. Despedi-me do Saraiva e voltei com pressa para casa, preocupado
com a Luciane e as crianças, que já sabiam de tudo, pois acompanhavam a
aventura via celular. No outro dia voltaríamos para recolocar o Hoje! em seu
lugarzinho.
Obrigado a Fabiane e Esli, ao Saraiva pela aventura, à
Luciane, novamente pacienciosa e às pessoas coadjuvantes na história, sem as quais, nada disso seria possível.
Sinto que toda vez que saio para o mar em nosso
barquinho, aperto o botão de turbo na aprendizagem da vida. Incrível quantas
coisas são possíveis de vivenciar e aprender num barco à vela. Tudo está acontecendo
muito rápido e pude, muito antes do que imaginei, velejar à noite. Experiência
ímpar! Um misto de mistério, emoção e paz.
É com esses sentimentos que me despeço, almejando a você
bons ventos e que atraque a um porto seguro depois de uma velejada vitoriosa!
Abraços desde a Babitonga.
Muito bom o relato Rico. Já passei por situação semelhante, não para encalhar, pior, perto de pedras. O motor apagou repentinamente, mas as velas estavam prontas para uso. Aliás, eu ando sempre com a mestra em cima, mesmo com o motor ligado, porque serve de 'freio' toda vez que vem marola.Amortece aquele movimento pendular. Nesse dia, subi a buja e saí velejando na boa. E por cautela, me afasto mais ainda das pedras...rsrsrsrs Abraço!!
ResponderExcluirInteressante colega Stark! Já ouvi dizer mesmo, que a mestra deve sempre ser usada, pois melhor distribui o peso do barco. Registrarei a dica e começarei a praticá-la. Esse movimento pendular é bem chatinho. Como o canal do Iriri é uma região de manguezal, com aquele lodo típico, sem pedras, não há motivo para preocupação, pra mim é um local muito amigável, não causa nenhum tipo de dano ao barco. Encalhe aqui não é problema, só o tempo que se perde até a maré subir pra ir embora. Pedras são uma preocupação constante de todo navegador e histórias com elas pelo caminho conhecemos algumas. São com certeza um fator de risco, responsáveis por vários naufrágios. Curiosidade: Há pouco tempo dinamitaram algumas lages próximas do porto de São Francisco para evitar problemas com navios. Essas lages já foram responsáveis por um abalroamento de veleiro, avarias no leme, acidente sem vítimas, mas um grande susto e prejuízo.
ExcluirObrigado pelo comentário e presença virtuais, abraços da Babitonga!
Muito bom o blog. Acabei de ler tudo, desde o início - Já está assinado no meu feed.
ResponderExcluirTb comecei a velejar esse ano (comprei o ZigZag em Fevereiro, depois de quase comprar o Gaipava, né Ricardo?) e tb passei há pouco pela experiência da primeira velejada solo. Ainda dou umas topadas aqui e ali, mas a aquisição de um piloto automático facilitou muito as manobras. Aliás, a velejada hoje, solo, foi sensacional!!!
Morei em São Chico, na Prainha, em 2001. Foram apenas 5 meses, antes de ser novamente transferido para Paranaguá, mas o suficiente para me apaixonar pela cidade. Pena que nesse tempo ainda não velejava, mas foi visitando o Museu Nacional do Mar que conheci mais de perto a história do Amyr Klink e a semente foi plantada. Um dia ainda visito esse paraíso, chegando pelo mar... Abç
Eduardo, maravilha você ter lido o blog de cabo a rabo! Interessante o nome do seu barco. O piloto automático está na lista de compras a fazer, por enquanto é no braço mesmo. Muito bom que estamos em estágios semelhantes. Você conhece São Francisco do Sul e sabe do que falo quando menciono essa ilha mágica. Minha história com a navegação também começou no Museu Nacional do Mar quando dei aulas de violão para as crianças e adolescentes lá. Em dias chuvosos, tinha a "sorte" deles faltarem, aproveitava e passeava por todo Museu com bastante calma e fui absorvendo toda a cultura marítima. Ter vindo morar aqui e a imersão no Museu do Mar transformou completamente nossas vidas. Quando vier pelo mar nos avise que indicarei os melhores lugares para atracar. Obrigado pelo comentário!
ExcluirObrigado por dividir conosco mais essa experiencia Comandante!
ResponderExcluirBons ventos sempre
Luiz e Mauriane
viveravela.com.br
Imagina Mauriane e Luiz, a gratidão é nossa pelo comentário e atenção! Já passei pela sua página antes e gostei muito, belas fotos e relatos. Parabéns!
ExcluirBons ventos pra vocês também, abraços desde a Babitonga!
Parabéns pela aventura!
ResponderExcluirE obrigado por dividir conosco.
Obrigado pela congratulação e comentário, a gratidão é nossa por poder compartilhar de algo tão simples e maravilhoso que é o mar, nós brasileiros precisamos olhar pra ele com atenção e carinho.
ExcluirAbraços desde a Babitonga!
Muito bom o relato!!!!
ResponderExcluir"...O retorno, sem romantismo, não seria à vela...": eu terei 2 motores no meu veleiro (Catamarã), isso me tranquiliza um pouco....... mas obviamente minha meta (E DESAFIO) será aprender a usar os PROPULSORES PRINCIPAIS, minhas velas =)
Abraços.
Fernando Previdi
Muito obrigado pelo elogio e comentário Previdi! Acompanho seu blog e sei do que está falando. Na hora, o vento era bem ameno e estávamos cansados, então optamos por ir no motor, já era noite, demoraria muito. Depois mudou tudo, o motor enguiçou, o vento entrou e só nos restou voltar à vela, o que, concordemos, foi ótimo! Toda energia positiva na conclusão do seu catamarã!
ExcluirAbraços à família, bons ventos desde a Babitonga.