quarta-feira, 20 de maio de 2015

1.ª Feijoada Cultural do Museu Nacional do Mar


Passados quinze dias, pude sentar com calma e descrever o último grande evento cultural ocorrido no Museu Nacional do Mar, sim, mais um! Esses meses foram intensos. Recebemos primeiro a jornalista carioca Isabella Sousa Nicolas para o lançamento do seu livro e exibição do belo documentário Mar Me Quer. Depois a recepção foi feita à grandíssima navegadora (remadora e velejadora) Isabel Pimentel que pode dar o privilégio de sua convivência conosco inclusive num jantar muito especial feito pelos pais do Wagner Meiga na casa deles.

Muito apropriadamente, foi proposta uma atividade cultural e social para angariar fundos para os projetos de navegação do Museu que há muito estavam parados, só necessitando esse empurrãozinho para reinício das atividades. Os barcos já estão lá, os professores idem. Foi inaugurado um flutuante, para que, de forma segura e acessível, as crianças e professores possam exercer as atividades virtuosas do Remo e da Vela. Foi a 1.ª Feijoada Cultural que teve a participação de crianças da rede pública, algo de suma importância, líderes locais representando várias entidades ligadas ao mar e a cidade e a presença dos idealizadores desse grande reduto cultural que é o Museu Nacional do Mar; o professor Dalmo Vieira Filho e o navegador e escritor Amyr Klink.

Desnecessário dizer que foi uma grande festa, e que organização! Os participantes notaram; o trabalho e esmero foram grandes. O resultado de tudo isso foi uma ótima sinergia que tornou propícia a transmissão de conhecimentos e vivências que com certeza registrou-se na memória de quem ali esteve presente. Foi um dia especial, era possível sentir isso. Com a aproximação dos idealizadores e mantenedores do Museu pode-se entender a amplitude e profundidade da mensagem que esse, antes apenas um velho armazém abandonado da extinta companhia Hoepcke, passa àqueles que se aventuram a tentar desvendá-lo. E essa tarefa não é difícil, necessário apenas que deixemos nossa imaginação flutuar pelos mares, assim como nossos ancestrais fizeram por séculos ou milênios.

A competente e talentosa banda Guarani, a mais tradicional de São Francisco do Sul, abriu o simpático evento. Consta que tem quase um século de existência desde a sua formação inicial. É formada majoritariamente por instrumentos de sopro de metal e se caracteriza por ser uma Big Band. Tocou vários sucessos populares com arranjos especiais e impecavelmente executados. Som agradabilíssimo no ar que tornou a atmosfera mais sofisticada e apropriada.

Aí então o Cesar, responsável pelo charmoso Café do Museu foi quem fez as vezes de anfitrião e, ótimo orador, anunciou aos presentes quem iria discursar. Tivemos a presença e palavra de um munícipe muito importante para a história da cidade, Carlos Alberto de Oliveira, conhecido simplesmente como “Zera”. É o prático há mais tempo na atividade e completou recentemente meio século na profissão. Depois foi a vez do Capitão de Corveta Claudio Luiz, que demonstrou toda a sua admiração aos feitos do ilustre convidado que discursaria a seguir. O último a dar brevemente a palavra foi o grande navegador e escritor brasileiro Amyr Klink. Enfatizou que o Museu deve incorporar nova fase e, num misto entre devaneio e realidade, assinalou que aqueles barcos que ali jaziam como fósseis de um período muito antigo fossem ressuscitados recolocando-os n’água a fim de que as crianças pudessem entender o passado e compreendessem toda a poesia dos antigos que desfilavam nessas canoas dependentes apenas das luas, marés, correntes e ventos. Que com seu conhecimento ancestral, herdados dos mais velhos, conseguiam construir aqueles barcos, responsáveis que foram por transportar pessoas, comida e também esperança.

Esse novo insight foi revelado e no que depender de nós, arregaçaremos as mangas para poder propiciar isso às nossas crianças. É um resgate de nossas origens e elas precisam conhecer isso. Ainda falando delas, depois do breve ensejo, a feijoada foi servida paralelamente à conversa do Amyr embaixo de uma frondosa árvore na parte da frente (para o mar, é claro) do Museu, que tem o porto de São Francisco na outra margem. A árvore fora providencial com o sol de outono que não dava sensação de queimar, mas que em excesso incomodava. Ali, mais do que prestar contas com a escola, a fim de melhorar notas e poder exibir um boletim melhor aos pais, vimos crianças muito atentas, perguntaram muito mais do que era necessário à obtenção de notas. Foi lindo! O interesse era genuíno. Baseados em alguns poucos relatos de nosso grande marinheiro dos mares gelados eles puderam, face a face, saciar a sua curiosidade perguntando-o sobre fatos que bem poderiam ter sido criações fictícias. Com paciência e tato dignos dos gênios respondeu calma e interessadamente a cada uma das ávidas crianças.

A Feijoada, e agora me refiro ao prato, estava divinamente preparada. Fora feita com esmero e requintes de chefe de cozinha. Algo digno de nota visto que era um almoço acessível à população.

Nosso grande amigo Luciano Saraiva trouxe seus alunos de Vela do JIC (Joinville Iate Clube) e demonstrou o que são as aulas e como as crianças se comportam com os barquinhos; um misto de diversão, disciplina e trabalho em equipe. Ele colhe junto ao JIC os primeiros frutos dessa dedicação, nos resultados das primeiras regatas que estão realizando fora do clube.

Foi um dia memorável e agradabilíssimo em clima familiar e sentimento de união autêntico. Todos ali estavam muito satisfeitos em fazer parte do sentimento de integração. Aliás, esse é um sentimento inerente às coisas do Mar. O mar, afinal, foi responsável em unir os continentes e povos e não há como duvidar do incrível poder de coesão que ele pode provocar, é só olharmos atrás em nossa história. Querendo ou não, todo nosso caldeirão de povos e etnias teve que se reunir e formar uma nação. Essa lição de convivência resultou num povo afável e gregário como é o nosso, não por acaso.


É com esse sentimento elevado de evolução dos seres através da união dos povos e compreensão das diferenças que nos despedimos desejando os melhores ventos, da nossa família à sua desde a Babitonga!


Banda Guarani


O trombonista demonstrou seu domínio no instrumento solando com muita desenvoltura


Cesar, responsável pelo Café do Museu e um dos organizadores da Feijoada


Carlos Alberto de Oliveira, o “Zera”


Capitão de Corveta Claudio Luiz



Amyr Klink




Luciano Saraiva e seus alunos do JIC



Professor Dalmo Vieira Filho


Luciano Saraiva e a “guriada” do JIC, seus alunos de Vela


A “guriada” do JIC e o cozinheiro responsável pela deliciosa Feijoada


O Victor e a Lelê posando no convés do Leva Vento antes da confraternização ofertada pelos Comandantes Wagner e Neusa

5 comentários:

  1. Apesar da eloquente e bem formulada redação, e fotos...Parabéns! Ficou faltando uma mensão aqueles que realmente organizaram e deram mais que o suor, talvez até o próprio sangue por este magnífico evento. Posso falar pois estava por lá no domingo a noite acompanhando o desmonte de tudo, onde a Sra.Cleonisse Inês Schmitt, bibliotécária do Museu (AAMNM), organizadora e talvez mentora da 1ª Feijoada Cultural do Museu se postou a lavar todos aqueles pratos, carregar mesas e limpar boa parte de tudo...é claro que acompanhada do senhor Antônio Costa, do guarda "Costinha", Cesar e eu é claro. Pergunto então: Não há se quer uma fotinho destes ilustres personagens?... Pois a esta altura do comentário fazer parte deste lindo texto, "nem pensar" creio eu!...Os "medalhões" foram dar o ar de sua graça, e sejam bem vindos, sem as suas presenças o brilho fica menor, porém jamais esqueçam daqueles que fazem o espetáculo acontecer, ou corremos o risco deste nunca mais voltar a ter o seu brilho inicial.
    Parabéns a vocês: Cleonisse Inês Schmitt, Sr. Antônio Costa, Artesão Ênio, Eliane, Sr. Vilson, Aline, Penelope e outros, que com certeza esqueci de mencionar. MUITO OBRIGADUUU A TODOS! Forte abraço do amigo Roberto Böell Vaz (AAMNM).

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    1. Caro Roberto, que beleza tê-lo por aqui, muito obrigado pelo comentário e elogios!

      Já que você se utilizou desse espaço, elencando todos os envolvidos e aproveitou para agradecê-los, sinto ser, por razões de lógica, completamente desnecessário eu fazer. Esses nomes não figuram no texto por completa ignorância dos mesmos, não fossem suas informações, continuaríamos os desconhecendo. Agradeço por nos informar.

      Primeiramente, este Blog tem por objetivo registrar acontecimentos sob a ótica da nossa família, não é um veículo de imprensa.

      Segundo, não fui contatado antes e ninguém me informou quem seriam os responsáveis pelo evento.

      Depois, não fui contratado por ninguém para "cobrir o evento", inclusive, se não estou enganado, havia uma pessoa fazendo isso no dia. É dele, e não de mim, que devem "cobrar" fotografias com todos os envolvidos.

      Muito obrigado pela audiência e grande abraço da nossa família à sua desde a Babitonga!

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  2. Concordo que apesar de estar bonito e muito bem escrito, faltou citar realmente a pessoa da Bibliotecaria Cleonice Ines Schmidt que tem sido um baluarte na estrutura e no desenvolvimento deste Museu. Temos certeza, que ela e sua equipe idealizaram e colocaram mais este Evento na agenda do Museu. Acrescento ainda, que apesar de estarmos impossibilitados de comparecer, acompanhamos parte das açoes e juntamente com meu marido Pierre Passot, queremos parabenizar Cleonice e toda a equipe que de fato "colocou a mao na massa" e certamente merecem uma citaçao no lindo texto descrito acima. Ha sempre tempo para se retratar ! Aguardamos.

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    1. Sra. Sonia, muito obrigado pelos elogios!

      Pelo mesmo motivo supracitado em resposta ao Roberto, e a senhora também já frisou os nomes que deveriam ser citados nos textos, não vejo necessidade de assim fazê-lo. Acho o termo "retratar" um pouco pesado, pois não fui lembrado nem chamado por ninguém antes do evento ocorrer, e como somos independentes, não devemos nos retratar ou desculpar a ninguém.

      A respeito de "colocar as mãos na massa", nos oferecemos à ajudar de forma genuína, o que, nos foi negado por uma das pessoas citadas pelos senhores.

      Ainda peço a senhora que releia o texto, pois enalteci como ninguém o evento, esse sim, digno de ser engrandecido.

      Contando com vossa sensibilidade esperamos ser compreendidos.

      Abraços da nossa família à sua desde a baía Babitonga!

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  3. Estaremos novamente esse ano na feijoada, e como já comentado anteriormente, parabéns a organizadora Cléo que com muito empenho e dedicação realmente colocou a mão na massa.
    Simone P Stahelin

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